Entenda o que é "Senso Comum" | Professor João Alberto da Silva
"Senso comum" corresponde a primeira forma de conhecimento responsável por fazer com as pessoas tomem consciência de si mesmas em suas existências. Conhecimento inicial da realidade que abre caminho para os demais conhecimentos. Embora criticado e até mesmo teoricamente rejeitado por alguns intelectuais, não pode ser ignorado e muito menos escondido, já que todas os seres humanos, sem exceção, começam por ele.
Não é um conhecimento errado, mas, de todos, é o que está mais sujeito a equivocar-se. Em diversas situações, pode alcançar percepções válidas e necessárias a existência, mas o conhecimento dos limites que o compõem é necessário para evitar transtornos indesejáveis. É um conhecimento prático da realidade, adquirido e atualizado através das experiências cotidianas, construído a partir das impressões vividas no dia a dia, não é pautado em nenhum método ou critério de conhecimento, é espontâneo, indutivo, e, com frequência, dispensa a reflexão teórica.
A lógica de funcionamento do senso comum é muito simples: quanto maior a quantidade de anos vividos, maior a experiência acumulada e, como consequência, maior a experiência de vida. Educação escolar é algo dispensável para sua formação, situação que pode ser percebida em diversas sociedades primitivas que não contaram com a formação escolar para a formação de suas culturas. É o caso, por exemplo, dos indígenas.
Apesar disso, o senso comum é composto de inúmeros riscos que colocam a saúde cultural de um grupo em risco. Exemplo disso é a doutrinação ideológica, política ou religiosa, passível através desta forma de conhecimento. O Filósofo Italiano Antônio Gramsci (1891-1937) acusa a ideologia como sendo um cimento, que fixa, molda e fortalece o senso comum. Já a pensadora brasileira Marilena Chauí aponta a generalização como como a grande responsável por formar o senso comum em um contexto ideológico.
A principal causa da falibilidade do senso comum está em sua não reflexão. Trata-se de um conhecimento imediato, impulsivo, não refletido (a reflexão existe, mas extremamente limitada e sem rigor algum) que, com grande facilidade, gera pré-conceitos. Personifica-se na opinião, e passa facilmente despercebido graças ao discurso de "todos são livres para expressar suas opiniões". Ocorre que, para ter uma opinião formada, ninguém precisa de conhecimentos sólidos ou bem fundamentados; qualquer um pode ter.
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