História da Sociologia: pressupostos, origem e desenvolvimento


   

Diferente da Filosofia, a Sociologia é um conhecimento científico que se inicia no Século XIX como consequência do conhecimento adquirido sobre a sociedade a partir da história moderna. Conhecida como “ciência da sociedade”, o nascimento da sociologia se concretizou no contexto da Revolução Industrial, mas as pré-condições para o seu surgimento inicia-se na modernidade.
   A História Moderna é conhecida como um período de crises e incertezas. Transformações significativas ocorridas nesse período são responsáveis por todo um rearranjo das configurações sociais, e dois grandes modelos sociais rivalizam entre si nesse período: feudalismo e capitalismo. O resultado é conhecido bastante conhecido: a desagregação da sociedade feudal e a constituição da sociedade capitalista.
     Muitas são as transformações ocorridas no período acima citado: expansão marítima e comercial europeia, Revolução Científica, Reforma Protestante, formação dos Estados nacionais, desenvolvimento científico e tecnológico, etc.
A visão de mundo da época é amplamente reconfigurada pela Revolução Científica, e o Teocentrismo dá lugar ao Heliocentrismo. A hegemonia da Igreja Católica é abalada pela Reforma Protestante, e o movimento da Contrarreforma não é suficiente para conter os avanços das Igrejas protestantes por toda a Europa.
      No campo da Filosofia, racionalismo e empirismo duelam na disputa pelo reconhecimento como um conhecimento racional seguro, inspirado na visão moderna de mundo. Renné Descartes (1596-1650) é o grande precursor do racionalismo, enquanto David Hume (1711-1776), John Locke (1632-1704), Thomas Hobbes (1588-1679), e Francis Bacon (1561-1626) fortalecem o empirismo.
Também a expansão marítima teve participação de grande importância nesse processo. O descobrimento da rota para as Índias e para a América (e também do Brasil), e a circunavegação da África mudou a concepção de mundo dos europeus. Trata-se agora de um mundo muito mais amplo que o mundo medieval, de diferentes povos e culturas.
      A instalação de colônias na África, Ásia e América proporciona o desenvolvimento do comércio e agiliza o desenvolvimento de uma nova economia, responsável pela industrialização que se inicia na Europa de alguns séculos mais tarde.
      O conhecimento racional do universo, da vida e da sociedade torna-se a regra do momento, onde experimentação e observação são fundamentais para a construção do conhecimento. Tudo o que não possa ser apreendido pelos sentidos (empirismo) ou pela razão (racionalismo) não pode ser digno de confiança. Enquanto isso, a burguesia comercial torna-se a classe poderosa da Europa do século XVIII.
      O capital mercantil abre espaço a produção manufatureira, que conduz ao desenvolvimento de um novo modelo de produção em detrimento da produção artesanal da Idade Média. Nesse contexto, o interesse pelo aperfeiçoamento de novas técnicas de produção é cada vez maior em nome de maiores lucros com menores gastos.
Trabalho mecânico e trabalho artesanal convivem lado a lado, sempre com o crescimento do primeiro e a superação do segundo. O trabalho assalariado desperta o aparecimento da classe proletária (ou operária). Assim, como afirma Nelson Dácio Tomazi:

Todas essas mudanças, somadas à herança cultural e intelectual do século XVII, definiram o século XIII como um período explosivo. Se no século anterior a Revolução Inglesa determinou novas formas de organização política, foi no século XVIII que a Revolução Americana e a Revolução Francesa alteraram o quadro político e social do ocidente, servindo de exemplo e parâmetro para as revoluções posteriores.
TOMAZI, N. D. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo, 2007: Atual.


      Enfim, a mudança do feudalismo para o capitalismo considerada uma transformação tensa e com grandes radicalizações. Compreender a sociedade de então exige o conhecimento do contexto da modernidade. Para tanto, faz-se necessário o surgimento de uma nova ciência, capaz de explicar as nuances da nova sociedade.

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