Max Weber e a ação Social

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          Max Weber (1844-1920) é um dos filósofos mais conhecidos e estudados quando o assunto é o surgimento da sociologia. Dentre suas principais obras, destaca-se A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicada três vezes durante a vida de Weber: 1904, 1905 e 1920. Seu pensamento foi fortemente influenciado pelos pensadores do idealismo alemão (Johann G. Fichte, Friedch von Schelling e Wilhelm Hegel), com forte ênfase no conceito hegeliano de historicidade.
     O grande legado de Max Weber na constituição da Sociologia está na formação do método compreensivo, cuja ideia central está na ação social. Weber não estava interessado na formação dos grupos institucionais e coletivos, mas no comportamento humano, composto de sentido e significado. Para ele, o indivíduo vive e atua na sociedade, influencia e é influenciado por ela. Contudo, diferente dos pensadores franceses, Weber acreditava que o significado da individualidade estava na conexão existente entre motivações e ações humanas. 
     Ação social é o comportamento dos indivíduos na sociedade. Não o comportamento de massa, puramente influenciado e cogido, mas a ação consciente e deliberada. Pode ser facilmente confundida pelo senso comum como ação boa ou ação solidária, mas a reflexão apresentada por Weber vai muito além. Ação social é a ação orientada, deliberada, escolhida, desejada, e motivada.
   

     Max Weber estabelece quatro motivações como critérios para compreender o que é e o que não é ação social:
ação tradicional: ação orientada pelo costume, pela tradição, ou mesmo pela força do hábito. Exemplo: família que se reúne todos os domingos para almoçarem juntos. Trata-se de uma ação conjunta, motivada pela força da tradição.
ação afetiva: ação resultante de sentimentos, afetos e paixões. Exemplo: uma declaração de amor a companheira ou ao companheiro.
ação racional com relação a fins: motivada pela relação entre meios e fins. Neste modelo de ação, há uma forte reflexão dos indivíduos no esforço de pesar e medir as consequências, decidir o que é melhor. Por exemplo: Contar ou não contar a verdade para um conhecido que pode estar sendo prejudicado por não saber do que algumas pessoas falam dele? 
ação racional com relação a valores: ação fundamentada em crenças, convicções, deveres e princípios internalizados pelos indivíduos. Interessante notar que, neste caso, mesmo sabendo que o resultado pode ser prejudicial, os indivíduos optam pelo que acreditam ser o certo e o justo. 
     Vale observar que os quatro modelos de ação social aqui descritos estão presentes em todos os indivíduos ao mesmo tempo, é, em determinadas circunstâncias, algumas orientações podem ter maior peso sobre as outras. Independente de qual seja o modelo, a ação só é social porque, em cada caso, as escolhas e decisões tomadas pelas pessoas não dizem respeito somente a elas, mas envolvem a presença de mais pessoas. 
     Para Weber, normas e costumes sociais não são externos e anteriores aos indivíduos, mas estão internalizados nas consciências que são próprias de cada pessoas. Conscientes, os comportamentos adotados por cada indivíduo são escolhidos a partir de referências existentes nas sociedades, de modo que a reciprocidade vem a ser um dado comum na ação social. Sobre essa analogia, a professora Cristina Costa afirma:
Se para a sociologia positivista a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles, para Weber, ao contrário, não existe oposição absoluta entre indivíduos e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. [...]. (COSTA, 2010, p.51).
     Weber não pretendia a transformação social como objetivo da sociologia, nem buscava a análise quantitativa dos fenômenos sociais. A cientificidade do conhecimento não estava na determinação de parâmetros nem na comparação numérica de fenômenos, mas na interpretação que visava compreender a causalidade dos fatos. O sentido desta compreensão está na previsão das possíveis consequências presentes nas ações sociais.
 
Referências Bibliográficas

COSTA, Cristina. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. 4.ed. São Paulo: Moderna, 2010.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2010.

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