Dias Amargos

 

Imagem: enriquelopezgarre/pixabay
Imagem: enriquelopezgarre/pixabay

312.299 óbitos. Essa é a triste marca atingida neste 28/03, um ano após o início da Pandemia do COVID-19. Ao que tudo indica, estamos distante do fim. 

O que mais entristece é saber que esta é uma Pandemia com forte potencial de ser controlável. Prova disso é que alguns países já dão sinais de controle sobre a Pandemia que não os poupou de viverem o pesadelo. Pois é, ninguém foi poupado. Mas alguns países dão sinais de superação.

Infelizmente esse não parece ser o nosso caso. Foram cinco recordes na média móvel de mortes nos últimos sete dias, e as previsões para os próximos dias não são nada animadoras. Se continuarmos neste compasso, podemos ultrapassar com facilidade a marca de 600.00 mortes ainda este ano. Dentre eles, poderão estar eu, você, nossos pais, filhos, amigos, etc.

Mas, o que fazer para que essa catástrofe não ocorra? Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois a situação chegou a um ponto de que não deveria ter chegado. Apenas contar com os cuidados pessoais que cada um deve ter não é suficiente. Medidas radicais de contenção do vírus são mais que necessárias, mas ainda falta disposição política para encará-las.

E por falar em política... Não há como negar: a coisa vai de mal a pior. Já superamos a fase em que medidas paliativas davam algum resultado. Passamos dela, mas grande parte dos dirigentes políticos e também da sociedade continuam insistindo nelas. Perde-se tempo demais discutindo o que já deveria estar superado. Claro que precisamos de mais hospitais, medicamentos, profissionais e respiradores. Sim, precisamos. O problema é que a solução não está na expansão destas ofertas.

Por mais esforços, vontade, e disposição para tal, não há como ampliar infinitamente a oferta de leitos. Primeiro porque os recursos são finitos, e qualquer tentativa de ampliação que esteja além dos recursos é predatória. Não falo só de dinheiro; falo, principalmente, de espaços e condições para que aconteça. Segundo: não importa o quanto se amplie; nas condições atuais, qualquer ampliação é facilmente esgotada.

O esforço por oferecer mais leitos é válido para ajudar aqueles que já estão a espera por atendimento. Mas, para solucionar o problema, outras medidas precisam ser tomadas. Medidas que restrinjam e, se possível, impeçam a circulação de pessoas para impedir a circulação do vírus. Medidas que precisam ser adotadas com planejamento e seriedade, e não de qualquer jeito como tem acontecido em alguns lugares.

Lockdown funciona? Sim, e muito, desde que seja feito da maneira correta. Por ser uma medida radical, necessita de alguns cuidados: 

  1. Não pode ser anunciado do dia para noite; as pessoas precisam ter o tempo adequado para se organizarem; 
  2. Com a interrupção da circulação pelas ruas, alguns setores da economia podem se adaptar para o home office, mas isso não vale para todos. É necessário que haja políticas de assistência para trabalhadores e empresas que não podem se adaptar. Interrupção na cobrança de taxas e tributos, por exemplo, bem como a oferta de recursos para os grupos mais afetados. O objetivo é contar a doença, e não matar ninguém de fome ou enterrar em dívidas.
  3. Para que surta o efeito esperado, o Lockdown precisa ser levado a sério. Medidas rigorosas de vigilância, controle e monitoramento são extremamente necessários. De nada adianta decretar fechamento se as pessoas tiverem total liberdade para continuar transitando aleatoriamente e sem necessidade.
Entristece ver que, apesar do caos em que nos encontramos, parte da sociedade ainda vive como se o problema não existisse. Entristece saber que, mesmo com todo esse tormento, ainda há pessoas que insistem em ignorar todas as recomendações apenas para não "interromper" suas vidas. Assusta ver a quantidade de pessoas que aproveitam o feriadão para ocupar as praias, fazer suas festas, e reuniões familiares.

Vivemos dias amargos. Quero minha vida de volta, e sei que todos querem. Mas, para que isso aconteça, precisamos encarar o problema como realmente deve ser encarado. Não é hora de fantasias ou ilusões. Mais do que nunca, é momento de despertar habilidades como empatia e compaixão. É preciso resgatar a nossa humanidade. 

Se tem uma coisa que posso pedir a você é: não saia de casa! Esgote todas as possibilidades que tiver para não precisar sair de casa. Esforce-se para isso. Se seu trabalho puder ser adaptado, melhor ainda. Se não puder, só de não sair de cada sem necessidade já será de grande valia. Faça esse esforço. Por mim, por você, pelos nosso pais, pelos nossos filhos, e por toda as pessoas que você quer bem.

Eu não estou afim de virar estatística. E você?

 

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