Dias Amargos
O que mais entristece é saber que esta é uma Pandemia com forte potencial de ser controlável. Prova disso é que alguns países já dão sinais de controle sobre a Pandemia que não os poupou de viverem o pesadelo. Pois é, ninguém foi poupado. Mas alguns países dão sinais de superação.
Infelizmente esse não parece ser o nosso caso. Foram cinco recordes na média móvel de mortes nos últimos sete dias, e as previsões para os próximos dias não são nada animadoras. Se continuarmos neste compasso, podemos ultrapassar com facilidade a marca de 600.00 mortes ainda este ano. Dentre eles, poderão estar eu, você, nossos pais, filhos, amigos, etc.
Mas, o que fazer para que essa catástrofe não ocorra? Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois a situação chegou a um ponto de que não deveria ter chegado. Apenas contar com os cuidados pessoais que cada um deve ter não é suficiente. Medidas radicais de contenção do vírus são mais que necessárias, mas ainda falta disposição política para encará-las.
E por falar em política... Não há como negar: a coisa vai de mal a pior. Já superamos a fase em que medidas paliativas davam algum resultado. Passamos dela, mas grande parte dos dirigentes políticos e também da sociedade continuam insistindo nelas. Perde-se tempo demais discutindo o que já deveria estar superado. Claro que precisamos de mais hospitais, medicamentos, profissionais e respiradores. Sim, precisamos. O problema é que a solução não está na expansão destas ofertas.
Por mais esforços, vontade, e disposição para tal, não há como ampliar infinitamente a oferta de leitos. Primeiro porque os recursos são finitos, e qualquer tentativa de ampliação que esteja além dos recursos é predatória. Não falo só de dinheiro; falo, principalmente, de espaços e condições para que aconteça. Segundo: não importa o quanto se amplie; nas condições atuais, qualquer ampliação é facilmente esgotada.
O esforço por oferecer mais leitos é válido para ajudar aqueles que já estão a espera por atendimento. Mas, para solucionar o problema, outras medidas precisam ser tomadas. Medidas que restrinjam e, se possível, impeçam a circulação de pessoas para impedir a circulação do vírus. Medidas que precisam ser adotadas com planejamento e seriedade, e não de qualquer jeito como tem acontecido em alguns lugares.
Lockdown funciona? Sim, e muito, desde que seja feito da maneira correta. Por ser uma medida radical, necessita de alguns cuidados:
- Não pode ser anunciado do dia para noite; as pessoas precisam ter o tempo adequado para se organizarem;
- Com a interrupção da circulação pelas ruas, alguns setores da economia podem se adaptar para o home office, mas isso não vale para todos. É necessário que haja políticas de assistência para trabalhadores e empresas que não podem se adaptar. Interrupção na cobrança de taxas e tributos, por exemplo, bem como a oferta de recursos para os grupos mais afetados. O objetivo é contar a doença, e não matar ninguém de fome ou enterrar em dívidas.
- Para que surta o efeito esperado, o Lockdown precisa ser levado a sério. Medidas rigorosas de vigilância, controle e monitoramento são extremamente necessários. De nada adianta decretar fechamento se as pessoas tiverem total liberdade para continuar transitando aleatoriamente e sem necessidade.
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