Toxidade nas Redes
Ler e acompanhar notícias publicadas e compartilhadas em rede sociais é hoje um exercício exaustivo de tolerância. Publicações que costumam vir acompanhadas de comentários tóxicos e bastante agressivos. E olha que não são poucos.
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Há, apesar do degaste, um benefício inegável para quem publica: engajamento que fortalece algorítmos. Xingar, ofender, mentir, falsear, tudo vale para alimentar a configuração responsável por ampliar o alcance de cada publicação. Como diz o ditado, "fale bem ou fale mal, mas fale de mim".
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Imagine a cena: está lá você em um momento de relax, passeando pelo Feed do Facebook ou Instagram. Surge, de repente, a postagem de uma informação falsa e distorcida, claramente intencionada em ofender ou agredir. Indignado pela má ação e movido pela melhor das boas intenções, você reage com uma carinha de zangado [😡]. Escreve um comentário bem crítico para desmascarar a postagem, e compartilha a informação acrescendo uma redação pessoal com o objetivo de denunciar a falsidade. Pronto! Sem perceber, você gerou o engajamento que a interação precisava.
Reagir, comentar e compartilhar são ações que geram o engajamento, e engajamento amplia o alcance das visualizações. Simples assim.
Intolerância ou estratégia?
Imagine agora esta outra cena: você está surfando no feed do Facebook e encontra uma postagem que faz referência a uma ação solidária. Tem seiscentos comentários na publicação, mas apenas um é exibido diretamente na tela sem que precise clicar em algum lugar para vê-lo. Não é o primeiro e nem o último, mas é maldoso e da pior espécie, eficiente em despertar sua raiva por alguém que pensa assim.
Olhando agora mais profundamente, descobre que destes seiscentos comentários, trezentos são respostas de outros usuários que, semelhante a você, ficaram indignados com aquele posicionamento imbecil. Nenhum outro comentário recebe interação, fazendo dele o comentário mais relevante segundo os critérios do Facebook. Percebeu? É assim que se passa raiva nas redes sociais.
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Algorítimo é a palavra chave que decifra toda essa campanha maluca do ódio e da intolerância. Trata-se de um código de programação que determina o quão visível é ou não uma publicação.
Como viralizar publicações?
Veja agora esse exemplo: há seiscentos contatos em seu perfil do Facebook. Sempre que publicar algo, a publicação não será visível nos feeds dos seiscentos contatos. A não ser que todos visitem regularmente o seu perfil, pelo menos quinhentos e oitenta deles nem tomarão conhecimento das suas postagens. Caso seus contatos não reajam ou comentem em suas publicações, a hipótese mais provável é que eles realmente não tenham visto e nem saibam que elas existem.
A razão é simples: logo após a publicação, a postagem é exibida por um número muito pequeno de pessoas. Se rolar algum engajamento, beleza; a interação será exibida em uma quantidade maior de feeds. Se novo alcance obter mais engajamento, mais perfis serão alcançados. Já se primeiros alcances pela publicação não engajarem, a distribuição nos feeds morre ali mesmo.
Caso encontre um robô malicioso no caminho, que poste comentários ofensivos e raivosos em sua publicação, grande será a chance de sua postagem viralizar. Afinal, sempre haverá almas bondosas que se doerão por você e reagirão, gerando assim mais engajamento para o Facebook.
Que tal uma surpresa?
Faça o teste: visite a página ou perfil que você mais interage com reações, comentários ou compartilhamentos em seu feed. De todas as publicações feitas por esta página ou perfil, quantos realmente foram vistas em seu feed? Além de ser uma pequena minoria, provavelmente são as publicações mais comentadas, reagidas e compartilhadas.
Agora pense: imagine que esse perfil ou página tem duas publicações, uma com dez comentários apenas mas todos positivos, e outra com cem comentários, todos pejorativos e violentos. Advinha qual deles o Facebook exibirá em seu feed. Viu só?
E aí? Que tal quebrar essas algemas e liberta-se de vez? Já pensou nisso?
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