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Terrorismo político-eleitoral

O sistema eleitoral brasileiro esconde uma grande falácia no discurso do direito de voto. Temos a liberdade de votar em candidatos e partidos de nossas preferências, e não há como negar que esse direito é de grande valia. O problema é que, da mesma forma que posso me identificar com alguma das opções oferecidas pelo pleito, também posso não me identificar com nenhuma delas, mas esse é um direito que o sistema eleitoral não permite. Mesmo que eu não goste de nenhum dos candidatos a disposição para o meu voto, sou obrigado a votar em alguém para que meu voto tenha validade. E o voto nulo? Bem, confesso que essa foi uma alternativa da qual optei em diversas situações. O mais frustante em adotá-lo é saber que ele não tem validade, e que, ao escolhê-lo, minha voz simplesmente deixa de ser ouvida e passo a pertencer a mais um dentre tantos brasileiros que se calam diante da realidade. Vejo-me então numa encruzilhada: votar nulo porque não consigo encontrar uma boa opção em nenhuma das al

Mesmice à vista

A Reforma do Ensino Médio via Medida Provisória vem incomodando muita gente. Apesar da novidade, o debate é antigo, e esta não é a primeira reforma a ser realizada desde que o Ensino Médio revelou ser um problema sem solução. Mal começou, e o governo age rapidamente com reformas em diferentes setores da sociedade. Entre elas, está a reforma do Ensino Médio. De um lado, reforma que sabemos ser necessária, mas, de outro lado, reforma que assustam pela verticalidade e imediatismo em que é implantada. Todos sabemos que o Ensino Médio não anda bem. Sabemos também que essa não é uma realidade que veio do nada e que surgiu de repente. É consequência de anos (décadas, talvez séculos) de atraso, e não de uma ou outra gestão mal feita. Apesar das velhas e conhecidas promessas, entra governo e sai governo, a coisa só piora. Problemas de longa data só podem ser resolvidos se tratados a longo prazo. Exigem planejamento, estudos rigorosos, debates contínuos com agentes envolvidos, avaliações

Salvem os jumentos

Embora enfrentada com maior força pelo Partido dos Trabalhadores, a crise atual não se resume apenas a esse partido, mas ao sistema político como um todo. A única diferença é que, por estar na linha de frente do sistema por um tempo considerável, o Partido dos Trabalhadores tem sido o primeiro partido a levar porrada. Outros partidos têm enfrentado crises semelhantes, com a diferença apenas de não serem tão noticiados e escandalizados pelos holofotes midiáticos. Apesar das divergentes opiniões sobre o assunto, é preciso admitir que o problema é muito mais profundo. Longe de querer defender nomes ou orientações partidárias, é preciso fazer uma avaliação rigorosa não só da atuação deste ou daquele grupo, mas do sistema político inteiro. Convenhamos: o fracasso do PT não é do PT, mas do sistema propriamente dito . Estamos no século XXI, mas ainda vivemos a política do início do século XX. Durante o encerramento da sessão que resultou no impedimento da ex presidente da República